Linhas de Trabalho

 “OKÊ CABOCLO”

Os Caboclos, de acordo, com planos pré-estabelecidos na Espiritualidade Maior, chegam até nós com alta e sublime missão de desempenhar tarefa da mais alta importância, por serem espíritos muito adiantados, esclarecidos e caridosos. Espíritos que foram médicos na Terra, cientistas, sábios, professores, enfim, pertenceram a diversas classes sociais, os Caboclos vêm auxiliar na caridade do dia a dia aos nossos irmãos enfermos, quer espiritualmente, quer materialmente. Por essas razões, na maior parte dos casos, os Caboclos são escolhidos por Oxalá para serem os Guias-Chefes dos médiuns, ou melhor, representar o Orixá de cabeça do médium Umbandista (em alguns casos os Pretos-Velhos assumem esse papel).

“ADOREI AS ALMAS”

Os Pretos-velhos são nossos Guias ou Protetores, mas no Candomblé, são considerados Eguns (almas desencarnadas), e decorrente disso, só têm fio de conta (Guia) na Umbanda. Usam branco ou preto e branco. Essas cores são usadas porque, sendo os Pretos-Velhos almas de escravos, lembram que eles só podiam andar de branco ou xadrez preto e branco, em sua maioria. Temos também a Guia de lágrima de Nossa Senhora, semente cinza com uma palha dentro. Essa Guia vem dos tempos dos cativeiros, porque era o material mais fácil de se encontrar na época dos escravos, cuja planta era encontrada em quase todos os lugares.

Eles representam a humildade, força de vontade, a resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que necessitam: curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz. Não têm raiva ou ódio pelas humilhações, atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado.

 

“É P’RAS CRIANÇAS” 

São a alegria que contagia a Umbanda. Descem nos terreiros simbolizando a pureza, a inocência e a singeleza. Seus trabalhos se resumem em brincadeiras e divertimentos. Podemos pedir-lhes ajuda para os nossos filhos, resolução de problemas, fazer confidências, mexericos, mas nunca para o mal, pois eles não atendem pedidos dessa natureza. São espíritos que já estiveram encarnados na terra e que optaram por continuar sua evolução espiritual através da prática de caridade, incorporando em médiuns nos terreiros de Umbanda. Em sua maioria, foram espíritos que desencarnaram com pouca idade (terrena), por isso trazem características de sua última encarnação, como o trejeito e a fala de criança, o gosto por brinquedos e doces.

Assim como todos os servidores dos Orixás, elas também tem funções bem específicas, e a principal delas é a de mensageiro dos Orixás, sendo extremamente respeitados pelos caboclos e pelos pretos-velhos.

“É P’RA BAHÍA”

O Baiano representa a força do fragilizado, o que sofreu e aprendeu na “escola da vida” e, portanto, pode ajudar as pessoas. O reconhecido caráter de bravura e irreverência do nordestino migrante parece ser responsável pelo fato de os baianos terem se tornado uma entidade de grande freqüência e importância nas giras paulistas e de todo o país, nos últimos anos.

Conhecem de tudo um pouco, inclusive a Quimbanda, por isso podem trabalhar tanto na direita desfazendo feitiços, quanto na esquerda. Quando se referem aos Exus usam o termo “Meu Cumpadre”, com quem tem grande afinidade e proximidade, costumam trazer recados do povo da rua, alguns costumam adentrar na Tronqueira para algum “trabalho”. Enfrentam os invasores (kiumbas, obsessores) de frente, chamando para si toda a carga com falas do gênero “venha me enfrentar, vamos vê se tu pode comigo”. Buscam sempre o encaminhamento e doutrinação, mas quando o Zombeteiro não aceita e insiste em perturbar algum médium ou consulente, então o Baiano se encarrega de “amarrá-lo” para que não mais perturbe ou até o dia que tenha se redimido e queira realmente ser ajudado. Costumam dizer que se estão alí “trabalhando” é porque não foram santos em seu tempo na terra, e também estão alí para passarem um pouco do que sabem e principalmente aprenderem com o povo da terra.

Os trabalhos com a corrente dos Baianos, trazem muita paz, passando perseverança, para vencermos as dificuldades de nossa jornada terrena.

“SALVE A MARUJADA”

“Aos poucos eles desembarcam de seus navios da calunga e chegam em Terra. Com suas gargalhadas, abraços e apertos de mão. São os marujos que vêm chegando para trabalhar nas ondas do mar. Os Marinheiros são homens e mulheres que navegaram e se relacionaram com o mar. Que descobriram ilhas, continentes, novos mundos.”

Seu trabalho é realizado em descarrego, consultas, passes, no desenvolvimento dos médiuns e em outros trabalhos que possam envolver demandas. Em muito, seu trabalho é parecido com o dos Exus. Dificilmente um leigo irá notar a diferença entre alguns marinheiros e os Exus na ora da gira, pois alguns Exus vêm com todos os trejeitos dos Marinheiros e com outros nomes, é quase imperceptível. Linha ou falange dos marinheiros tem sua origem na linha de Iemanjá e são chefiados por uma entidade conhecida por Tarimá. São espíritos de pessoas que em vida foram marinheiros. São muito brincalhões e normalmente bebem muito durante os trabalhos, por esse motivo a sua evocação não é muito freqüente, o plano espiritual superior os evoca para descarga pesada do templo, desta forma a eles podemos pedir coisas simples, eles não são muito dados a falar ou dar consultas

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“JETRUÁ BOIADEIRO”

O Caboclo Boiadeiro traz o seu sangue quente do sertão, e o cheiro de carne queimada pelo sol das grandes caminhadas sempre tocando seu berrante para guiar o seu gado. Normalmente, eles fazem duas festas por ano, uma no inicio e outra no meio do ano. Eles são logo reconhecidos pela forma diferente de dançar, tem uma coreografia intricada de passos rápidos e ágeis, que mais parece um dançarino mímico, lidando bravamente com os bois.Usam de canções antigas, que expressam o trabalho com o gado e a vida simples das fazendas, nos ensinando a força que o trabalho tem e passando, como ensinamento, que o principal elemento da sua magia é a força de vontade, fazendo assim que consigamos uma vida melhor e farta.

Com seus chicotes e laços vão quebrando as energias negativas e descarregando os médiuns, o terreiro e as pessoas da assistência.Os fortalecendo dentro da mediunidade, abrindo as portas para a entrada dos outros guias e tornando-se grandes protetores, assim como os Exus.

“OPTCHÁ”

Esta linha de trabalhos espirituais já é muito antiga dentro da Umbanda. Assim, numerosas correntes ciganas estão a serviço do mundo imaterial e carregam como seus sustentadores e dirigentes aqueles espíritos mais evoluídos e antigos dentro da ordem de aprendizado, preservando os costumes como forma de trabalho e respeito, facilitando a possibilidade de ampliar suas correntes com seus companheiros desencarnados e que buscam no universo astral seu paradeiro. O povo cigano designado ao encarne na Terra, através dos tempos e de todo o trabalho desenvolvido 

até então, conseguiu conquistar um lugar de razoável importância dentro deste contexto espiritual, tendo muitos deles alçado a graça de seguirem para outros espaços de maior evolução espiritual.

“SALVE A MALANDRAGEM
SARAVÁ SEU ZÉ PILINTRA”

Os malandros têm como principal característica de identificação, a malandragem, o amor pela noite, pela música, pelo jogo, pela boemia e uma atração pelas mulheres(principalmente pelas prostitutas, mulheres da noite, etc…). Isso quer dizer que em vários lugares de culturas e características regionais completamente diferentes, sempre haverá um malandro. O malandro de Pernambuco, dança côco, xaxado, passa a noite inteira no forró; no Rio de Janeiro ele vive na Lapa, gosta de samba e passa suas noites na gafieira. Atitudes regionais bem diferentes, mas que marcam exatamente a figura do malandro.

Podem se envolver com qualquer tipo de assunto e têm capacidade espiritual bastante elevada para resolvê-los, podem curar, desamarrar, desmanchar, como podem proteger e abrir caminhos. Têm sempre grandes amigos entre os que os vão visitar em suas sessões ou festas.

Existem também as manifestações femininas da malandragem, Maria Navalha é um bom exemplo. Manifesta-se como características semelhantes aos malandros, dança, samba, bebe e fuma da mesma maneira. Apesar do aspecto, demonstram sempre muita feminilidade, são vaidosas, gostam de presentes bonitos, de flores principalmente vermelhas e vestem-se sempre muito bem.

“LAROYÊ EXU, EXU É MOJUBÁ”

Exus são espíritos que já encarnaram na terra. Na sua maioria, tiveram vida difícil como mulheres da vida; boêmios; dançarinas de cabaré, etc.

Estes espíritos optaram por prosseguir sua evolução espiritual através da prática da caridade, incorporando nos terreiros de Umbanda. São muito amigos, quando tratados com respeito e carinho, são desconfiados mas gostam de ser presenteados e sempre lembrados. Estes espíritos, assim como os Preto-velhos, crianças e caboclos, são servidores dos Orixás.

Apesar das imagens de Exus, fazerem referência ao “Diabo” medieval (herança do Sincretismo religioso), eles não devem ser associados a prática do “Mal”, pois como são servidores dos Orixás, todos tem funções específicas e seguem as ordens de seus “patrões”. Dentre várias, duas das principais funções dos Exus são: a abertura dos caminhos e a proteção de terreiros e médiuns contra espíritos perturbadores durante a gira ou obrigações.

Desta forma estes espíritos não trabalham somente durante a “gira de Exus” dando consultas, onde resolvem problemas de emprego, pessoal, demanda e etc. de seus consulentes. Mas também durante as outras giras (Caboclos, Preto-velhos, Crianças e Orixás), protegendo o terreiro e os médiuns, para que a caridade possa ser praticada.

“LAROYÊ POMBO-GIRA, POMBO-GIRA É MOJUBÁ”

Se Exu já é mal interpretado, confundindo-o com o Diabo, quem dirá a Pomba-Gira? Dizem que Pomba-Gira é uma mulher da rua, uma prostituta. Que Pomba-Gira é mulher de Sete Exus! As distorções e preconceitos são características dos seres humanos, quando eles não entendem corretamente algo, querendo trazer ou materializar conceitos abstratos, distorcendo-os.

Pombo-Gira é um Exu Feminino, na verdade, dos Sete Exus Chefes de Legião, apenas um Exu é feminino, ou seja, ocorreu uma inversão destes conceitos, dizendo que a Pombo-gira é mulher de Sete Exus e, por isso, prostituta.

É claro que em alguns casos, podem ocorrer que uma delas, em alguma encarnação tivesse sido uma prostituta, mas, isso não significa que as pombo-giras tenham sido todas prostitutas e que assim agem.

A função das pombo-giras, está relacionada à sensualidade. Elas frenam os desvios sexuais dos seres humanos, direcionam as energias sexuais para a construção e evitam as destruições.

A sensualidade desenfreada é um dos “sete pecados capitais” que destroem o homem: a volúpia. Este vicio é alimentado tanto pelos encarnados, quanto pelos desencarnados, criando um ciclo ininterrupto, caso as pombo-giras não atuassem neste campo emocional.

As pombo-giras são grandes magas e conhecedoras das fraquezas humanas. São, como qualquer exu, executoras da Lei e do Karma.

“LAROYÊ SEU EXU MIRIM”

Exu Mirim e Pombagira Mirim, se apresentam como Espíritos de vibração infantil, na sua generalidade não são Espíritos de crianças, e, assim sendo, não devem ser olhadas como tal.
À semelhança de outras Linhas de Trabalho, são Entidades provenientes de planos naturais, muitas vezes chamados de Encantados, sendo que, por isso emanam vibrações com conhecimentos muito próximos do que podemos chamar de manipulação de elementos básicos da natureza
São muito perspicazes, por vezes matreiros, sendo uma das principais atribuições e esclarecimentos das situações e consequentemente a limpeza da mente dos processos negativos que criamos a nós próprios. São associados a uma visão sempre positiva perante as circunstâncias difíceis, pois para essas entidades qualquer desafio pode ser superado, sendo esclarecedores das nossas intenções, incentivando ao caminho e ao trabalho. Linha ainda pouco conhecida e pouco manifestada em Terreiros, revela-se todos os dias como um verdadeiro mistério da Umbanda e da vida  

“Quando Exu no vazio deus criou, no nada eu fui criado pelo nosso criador, e foi no nada que aqui eu me criei, pra quebrar todas demandas sob amparo de Exu Rei, se achar que estou nada, o nada vou te mostrar, brincando e dando risada a demanda eu vou quebrar, feiticeiro to do seu lado, só que você nem me viu, e quando eu apareço feiticeiro é quem sumiu”

“SALVE AS IABÁS”

Iabá (em Iorubá: Iyagba),  cujo o significado é “Mãe Rainha” é o termo dado tradicionalmente aos Orixás femininos e que foi utilizado na Umbanda para identificar também falanges de Entidades provenientes de outros planos naturais, de afinidade vibratória com um ou mais Orixás ou empoderando forças como o mar, o relâmpago, os rios ou o vente, em prol da sustentabilidade energética da casa e dos presentes nas sessões de trabalho. 

Representando o arquétipo feminino e inspirando a luta das suas filhas na dimensão terrena, cada Iabá representa uma das faces da resistência da mulher, principalmente a negra, contra a opressão,
a escravidão, o machismo e a violência!

Estão intimamente ligadas às questões da gestação, fertilidade, maternidade e prosperidade, vibrando, quando invocadas nas gira, uma extraordinária energia equilibradora.